quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Em busca da Paz

“Nós precisamos de paz”. O pedido não é de um militante, de uma candidata à miss ou de um representante da ONU (Organização das nações Unidas), é de um homem que sobreviveu a uma guerra e ao maior ataque de arma nuclear que o mundo já viu. Takashi Morita tinha 21 anos e servia na Polícia Militar de Hiroshima, quando os Estados Unidos atacou o Japão e jogou sobre a cidade a bomba atômica. Hoje ele faz esse pedido aos jovens brasileiros, através de visitas que faz as escolas do país. “Em cada palestra exibimos vídeos, fazemos reflexões com músicas e depois abrimos para perguntas”, explica André Loula, diretor Cultural da Associação das Vítimas da Bomba Atômica no Brasil, fundada por Morita há 25 anos. Ao fim da palestra os jovens aderem a um abaixo-assinado contra a utilização de armas nucleares. Esse documento será levado a ONU junto com outros documentos que são recolhidos no mundo inteiro.

Takashi estava a 1.300m do epicentro, local em que a bomba explodiu, e fora lançado para frente cerca de 10 metros. Machucado e muito ferido ele trabalhou durante três dias, ajudando a resgatar os sobreviventes, chegou ajudar uma mulher a ter um bebê, que assustada com o desmoronamento da cidade entrou em trabalho de parto. Depois disso foi hospitalizado. Takashi atribui a boa alimentação que tinha na polícia, o fato de ter sobrevivido e de ter conseguido passar esses outros três dias sem consumir nada, nem mesmo água. A cidade estava toda contaminada pela radiação, ingerir algo poderia colocar sua vida em risco.

Quando perguntado de como se lembra da cena do ataque, ele responde sem ponderar, “um inferno que não dá para esquecer”. Aos 85 anos ele não esqueceu aquele dia. “Depois a cidade foi tomada pelos americanos, fizeram-nos testes, que nunca vimos os resultados, e também me tiraram a patente de militar”, conta.

Veio para o Brasil onze anos depois do episódio, com a esposa Ayako, que também sobrevivera ao ataque, e os dois filhos. Na Rua Augusta em São Paulo se instala como relojoeiro, ofício que aprendera depois da guerra já que não podia exercer mais a função de policial. Mas o comércio não ia bem, a dificuldade de comunicação com os clientes, devido à língua que não aprendera, fazia com que ele não conseguisse atendê-los.

Os filhos de Morita estudaram na USP – Universidade de São Paulo - motivo de muito orgulho para ele. “As pessoas dizem que os japoneses são inteligentes e por isso conseguem entrar na faculdade pública, mas não é isso, é porque não é preciso pagar”, brinca o simpático velhinho.

Morita é presidente da Associação, e luta para que o Japão dê assistência aos Hibakushas, como são conhecidos os sobreviventes do ataque, que vivem em outro país. Porém essa luta só foi iniciada depois que os filhos dele já haviam se formado e se casado. A discriminação que sofrem as vítimas e os descendentes da bomba, é muito grande.

Quando Takashi saiu do Japão foi que o governo do país decidiu ajudar com medicamentos e tratamentos os Hibakushas. Morando aqui no Brasil ele tinha voltar ao país para poder ter alguma ajuda. Hoje as vítimas recebem uma pensão do governo do Japão, cerca de R$ 500, dinheiro que não é suficiente para arcar com os medicamentos e tratamentos contra a radiação. “Queremos que o Japão subsidie esse tratamento e os medicamentos aqui no Brasil. Não temos condições econômicas nem físicas de fazer uma viagem longa como essa”, explica.

A Associação tem cerca de 130 pessoas e todas elas colaboram participando das palestras em prol da paz. Takashi faz esse trabalho para que ele e a sua geração tenham sido os únicos a presenciar isso. “A guerra é muito triste, eu passei pelo inferno”, completa.


Texto: Gisele Macedo

Foto: By Juliana Cunha


Bjokas


5 comentários:

  1. Gi adorei o texto, muito bem escrito. Ainda há milhares de pessoas que não sabem ao certo o que foi exatamante este acontecimento. E o post é de suma importancia.
    Obrigada pelo crédito da foto. ;)
    bju

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  2. realmente mto bem escrito msm!!!! =)

    beijinhosss

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  3. EU AMEI GII, ficou ótimo seu texto!
    amei a entrevista coletiva hahha

    bjão amore

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  4. oiee gisa.. eu uso oculos em casa e no trabalho! Pra dirigir de noite tb... mas são raros os dias q eu saio de óculos! haha

    É só achar um bem bonito q vc nao vai querer tirar, ctz! hehe

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