sexta-feira, 13 de março de 2009

A entrevista

São 11h da manhã e na minha caixa de email um alerta me diz que há uma nova mensagem. Entrevista com o fotógrafo URGENTE. Ao abrir a mensagem, meu olhos passam correndo pelo texto e minha mente só lê "ele não pode mais no sabádo, só sexta-feira ás 11h". E agora? Somos 3 e os horários não batem. Os nossos empregos não nos liberam, não fazemos entrevistas recebendo salário, trabalhamos em áreas que não coicidem com a nossa futura profissão. Ai começa o desespero. Dispensamos ele? Tentamos outro horário? E a cada troca de email, surtamos. Várias ligações, chamadas que só caem na caixa postal, agora perdemos de vez o contato.
São 17h, o celular toca, e uma nova mensagem diz "olá, pode ser hoje ás 20h". Novo surto. Como chegar até lá? Será que vai dar tempo? E as perguntas, onde estão? E a máquina fotográfica? Ficou em casa.
Ligamos uma pra outra. Dá pra você ir? E você passa em casa e leva a câmera? Ok, eu estou com as perguntas no caderno....
Chegamos ao nosso ponto de encontro, molhadas como se estivéssimos saindo de uma sauna. Agora vamos a procura do endereço.... anda um pouco, mais um pouco, final da rua? Mas não chegamos no número.... e uma voz diz "descam o escadão, a rua continua depois", nós o fazemos. Agora uma ladeira, tão íngrime que temos que ir na ponta dos pés. Chegamos, número 1564, é aqui.
Retomando o fôlego, tocamos a campainha, o fotógrafo aparece, e feito atletas depois da corrida, tomamos mais um ar.
Um apartamento pequeno, muitos livros, duas estantes cheias deles. Quadros, uma foto do avô. Sofás e poltronas aconchegantes, luz baixa, crianças e gatos. Esse é o cenário da nossa entrevista. Em clima de conversa, ela acontece, levemente descontráida. A cada pergunta sentimos humildade no entrevistado, mas mesmo que tão humilde ele seja, eu sigo como uma criança perdida, que não sabe o que fazer, ou como agir. Presto atenção em cada palavra dita, em cada história contada, não dá pra anotar, preciso olhar nos olhos dele e mostrar que eu o entendo, que quero saber mais e estou interessada.
Algumas fotos depois, finalizamos, nos despedimos como quem se despede de um professor, que ensinou muito em pouco tempo.
Alívio, felicidade, alegria por ter conseguido, mas o sentimento ainda é maior, não é só por ter conseguido é por ter a certeza de que agora eu não estou mais perdida, é isso que eu quero daqui pra frente.

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